quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sentimentos...

SUPREMO ENLEIO
"Quanta mulher no teu passado, quanta!
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?
Se delas veio o sonho que conforta,
A sua vida foi três vezes santa!

Erva do chão que a mão de Deus levanta,
Folhas murchas de rojo à tua porta...
Quando eu for uma pobre coisa morta,
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!

Mas eu sou a manhã: apago estrelas!
Hás-de ver-me, beijar-me em todas elas,
Mesmo na boca da que for mais linda!

E quando a derradeira, enfim, vier,
Nesse corpo vibrante de mulher
Será o meu que hás-de encontrar ainda..."

Florbela Espanca
in «Charneca em Flor», 1930
Imagem: Jonh Waterhouse, The Sorceress, Study

Pudera eu escrever como a Flor(bela) cuja beleza está nas suas palavras intemporais... Sofreu a pobre, de feliz teve brevíssimos momentos, viveu pouco e pouco também foi compreendida e aceite... muito foi o legado que deixou!

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